quinta-feira, 12 de junho de 2008

A hora e a vez da Biomimética


O nome é bonito. Mas vai muito além disso. A cada dia que passa, estamos mais e mais ‘encrencados” com os desmandos que fazemos na natureza. Um planeta em desequilíbrio é como uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. E isso não é papo de ecochato, é a pura realidade.

Recentemente li o livro Biomimética – Inovação Inspirada pela Natureza, de Janine M. Benyus e descobri que ainda há solução, que nós seres pensantes podemos conviver em harmonia com o planeta Terra. No livro, a autora mostra que a natureza oferece infinitos exemplos de como revolucionar os produtos que consumimos, os nossos processos e a nossa vida. Mostra como a biomimética poderá transformar nossas descobertas em todos os campos da inventividade humana - informática, medicina, produção e distribuição de energia, economia e negócios, e a alimentação do planeta como um todo.

A biomimética é uma área da ciência que estuda as estruturas biológicas e suas funções, procurando aprender com a natureza e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência. As palavras gregas Bios e Mimesis significam respectivamente Vida e Imitação, ou seja, a biomimética é a imitação da vida.

Na natureza existem milhões de espécies das quais menos de dois milhões estão catalogadas até agora. Isto representa uma gigantesca base de dados de soluções inspiradas em sistemas biológicos para a resolução de problemas de engenharia e de outros campos da tecnologia. Imagine que a natureza vem aperfeiçoado seus processos há bilhões de anos, testando exaustivamente o que funciona e o que não funciona, fornecendo modelos perfeitos de inspiração e de imitação. Muitas das melhores invenções foram copiadas de outros seres vivos. A biomimética procura estimular novas idéias para produzir sistemas sintéticos similares aos encontrados nos sistemas biológicos.

Segundo o cientista Stephen Wainwright "a biomimética ultrapassará a biologia molecular e a substituirá como a mais desafiadora e importante ciência biológica do Século XXI". Mehmet Sarikaya, professor e cientista afirma que "Estamos no limiar de uma revolução de materiais equivalente à que houve na Idade do Ferro e na Revolução Industrial. Estamos entrando rapidamente numa nova era de materiais. Penso que, dentro de um século, a biomimética modificará significativamente o nosso modo de vida."

As aplicações são inúmeras: o estudo de plantas perenes que crescem em total equilíbrio com o ecossistema, dispensando adubos e pesticidas para controle de pragas e não enfraquecendo o solo; a estrutura ultra resistente encontrada na concha de moluscos como o Abalone, que são muitas vezes mais resistentes que o Kevlar e podem ser usados na fabricação de coletes e estruturas para armamentos; a fotossíntese realizada pelas plantas, transformando energia luminosa em energia química e glicose; a seda da teia das aranhas que é cinco vezes mais resistente que o aço; as plantas com propriedades medicinais que ainda desconhecemos; as estruturas do cérebro humano que processam comandos múltiplos e não seqüenciais como os nossos atuais computadores; e uma infinidade de aplicações que podemos aprender e desenvolver observando este imenso banco de informações que sempre esteve a nossa disposição. Hoje, nossos cientistas já estão atingindo o grau de conhecimento necessário para tentar desvendar estes grandes mistérios da natureza e desenvolver soluções que não agridam o meio ambiente e tragam melhoria da qualidade de vida.

Se calcularmos a idade da Terra em um dia, veremos que o Homem está aqui há apenas 5 minutos e seria muita pretensão achar que pode fazer o que bem entende e não pagar por isso. Muitas outras espécies já passaram pela seleção natural e desapareceram. O que devemos fazer é buscar em toda a sabedoria da natureza o caminho para o equilíbrio sustentável.

2 comentários:

sergiom disse...

Pois é, Sergião, se em 5 minutos já fizemos o que fizemos, imagine o que vem pela frente. A tese é boa, mas há outros relógios menos otimistas, como aquele do apocalipse, por exemplo, que aponta a proximidade do fim em função do que já conseguimos destruir e não renovar. Preocupa, mas ninguém faz nada, essa é a verdade.
Grande abraço.

BLOG DO FELICIO disse...

É muito curioso tudo isso, pois tem um texto que escrevi e estarei postando em breve, que fala justamente do apocalipse, não aquele da Biblia, mas o que irá transformar as pessoas (segundo dizem os místicos de plantão), relacionado ao calendário Maia, onde o deadline é 2012. Vamos vamos em frente, que uma hora as coisas terão que tomar o rumo certo. Abraço