domingo, 29 de junho de 2008

VAN MORRISON - STILL ON TOP


Tenho passado bom tempo ouvindo esse CD Duplo de Van Morrison durante minhas andanças no trânsito de São Paulo. Com as maravilhas da tecnologia, coloco um pen drive no aparelho de som do carro e posso ouvir mais de 100 músicas em MP3 direto.

O CD tem 37 músicas, que procuram resumir os mais de quarenta anos de carreira desse irlandês, nascido em Belfast, que iniciou sua carreira ainda na adolescência. Sua voz única e interpretação arrebatada chamou a atenção nos anos 60 com a banda Then. Com 23 anos gravou um dos seus melhores álbuns, Astral Weeks e vem repetindo seus discos com sucesso até hoje.

A coletânea passa pelas principais fases: soul, R&B, blues, country, folk, jazz e apresenta as canções mais conhecidas e mais acessíveis da obra de Morrison como “Baby Please Don't Go” e “Gloria”, regravada por The Doors e Patti Smith, entre outros. “Brown Eyed Girl” de 1967, também está lá, afinal é a faixa mais popular da carreira de Morrison.

domingo, 22 de junho de 2008

MUSICA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA



A Discoteca Oneyda Avarenga do Centro Cultural São Paulo tem um dos maiores e mais formidáveis acervos musicais do País, abrangendo um período que vai de 1902 a 1960, incentivando a difusão da música em todas as suas vertentes, inclusive com um projeto dedicado à musica erudita contemporânea. Dentro desse projeto, a gravação e edição de um catálogo completo com obras de Edino Krieger, Gilberto Mendes, Edmundo Villani-Côrtes, Almeida Prado e Rodolfo Coelho de Souza, mostrando o alto grau de qualidade das vertentes da música contemporânea. Cada compositor ganhou dois livros, um deles contando sua trajetória, musicografia completa e um CD com obras atuais inéditas, e o outro com partituras de algumas de suas obras mais expressivas e também inéditas.

Edino Krieger, natural de Brusque, Santa Catarina e iniciou seus estudos de violino aos sete anos com seu pai, o compositor, regente e violinista Aldo Krieger. Aos 20 anos conquistou o 1º lugar no Concurso para Jovens Compositores da América Latina. Sempre esteve no centro das discussões sobe os rumos da cultura brasileira, dividida entre nacionalismo e internacionalismo, popularidade e vanguarda, dodecafonia e tonalismo. Criou obras baseadas em poemas de Castro Alves, Manoel Bandeira, Nicolás Guillén, Carlos Drummond de Andrade. Tem em seu currículo inúmeros prêmios e cargos importantes no cenário musical ao longo da sua carreira, como o de presidente da Academia Brasileira de Música.


CD - Quarteto de Cordas nº 1; Balada do Desesperado; Desafio; Canción China a dos Voces; Três Sonetos de Drummond: os poderes infernais; Três Sonetos de Drummond: Carta; Três Sonetos de Drummond: Legado.


Partituras – Tem piedade de mim (para canto e piano); Canción China a dos Voces (para canto e piano); Canción del Regresso (para canto e piano); El Negro Mar (para canto e piano); Balada do Desesperado (para canto e piano); Tu e o Vento (para canto e piano); Desafio (para canto e piano); Canção do Violeiro (para canto e piano); Três Sonetos de Drummond (para canto e piano); Silêncios (para canto e piano); Estudos intervalares (para piano solo).


Gilberto Mendes nasceu em Santos, São Paulo, e iniciou seus estudos musicais aos 18 anos. Foi um dos signatários do Manifesto Música Nova na Revista de Artes e Invenções, em 1963, que propunha uma nova música brasileira. Foi um dos pioneiros nos campos da aleatoriedade, música microtonal e concreta, com novas notações musicais, visuais e teatrais. Fundou, em 62, o Festival Música Nova de Santos, considerado o mais antigo festival de música contemporânea em todas as Américas.


CD - Episódio; A hora Cinzenta; Felicidade I; Felicidade II; Ingratidão; Adolescência; Confusão; Sugestões de Crepúsculo; Sonho Póstumo; Peixes de Prata; A Tecelã; Lamento; Canção Simples; Lagoa; Desencanto; Dizei, Senhora; A Mulher e o Dragão; Poeminha Poemeto Poemeu Poesseu Poessua da Flor; O Trovador; Finismundo; a última viagem – parte I; Anatomia da Musa; Fenomenologia da Certeza; Sol de Maiakovski; Tv Grama I (Tombeau de Malarmé); Desencontros, à memória de Kurt Weil, à lembrança de Gilberto Mendes; Luz Mediterrânea: no olvido do tempo; O Pai do Universo; Amplitude; Mais uma vez; A Festa.


Partituras – Para Canto e Piano - A Festa; A hora Cinzenta; A Mulher e o Dragão; A Tecelã; Adolescência; Amplitude; Anatomia da Musa; Canção Simples; Confusão; Desencanto; Desencontros; Dizei, Senhora; Episódio; Felicidade I; Felicidade II; Fenomenologia da Certeza; Finismundo; Ingratidão; Lagoa; Lamento; Luz Mediterrânea: no olvido do tempo; Mais uma vez; O Trovador; Pai do Universo; Peixes de Prata; Poeminha Poemeto Poemeu Poesseu Poessua da Flor; Sol de Maiakovski; Sonho Póstumo; Sugestões de Crepúsculo; Tv Grama I.

Edmundo Villani-Côrtes é mineiro de Juiz de Fora e teve seus primeiros contatos musicais em sua própria casa por meio de seu pai que era flautista amador. Aprendeu violão e piano e, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, passou a tocar em rádios e em boates noturnas. Estudou composição de forma não sistemática devido a sua atividade como pianista na noite e em programas de TV, tendo recebido orientações de Koellreutter e Camargo Guarnieri, porém conservando um estilo próprio. Tem mais de 300 obras para várias formações e mais de 400 CDs gravados em países como Japão, França, Inglaterra, Itália, USA e Brasil.

CD - Sonata para violino e piano “Encantada”; Luz para violino e piano; Águas para violino e piano; Sonata para viola e piano, Interlúdio nº 5 para viola e Piano; Contemplativo para violoncelo e piano, Royati; Caratinguê.


Partituras – Águas Claras (para violino e piano); Caratinguê (para violino, viola, violoncelo, contrabaixo e piano); Contemplativo (para violoncelo e piano); Interlúdio V (para viola e piano); Luz (para violino e piano).


Almeida Prado também nascido em Santos, São Paulo, é considerado, e com razão, um dos expoentes da criação musical brasileira da atualidade. Sem renunciar aos ensinamentos do mestre Camargo Guarnieri, contatos com grandes expoentes da música européia abriram novas perspectivas para Almeida Prado, ampliando seus horizontes e estimulando a sua imaginação criadora e a sua forte personalidade musical. Suas obras são as mais consistentes e volumosas da criação musical brasileira de hoje, tendo a ecologia e a religiosidade como referencias permanentes.


CD - Sonata para violino e piano nº 1; Sonata para violino e piano nº 2; Sonata para violino e piano nº 3; Cantiga da Amizade; Sonatina para violino e piano; Diálogos; Balada para violino e piano “B’nai brith”.


Partituras – Balada “B’nai brith” para violino e piano; Cantiga da Amizade para violino e piano; Diálogo para violino e piano; Sonata nº 3 para violino e piano.


Rodolfo Coelho de Souza é paulistano e estudou composição com Olivier Toni, orquestração com o Cláudio Santoro e música eletrônica com Conrado Silva. Aos sete anos iniciou seus estudos de piano e largou logo em seguida. Aos 14 anos retornou seus estudos musicais por meio do violão iniciando já suas primeiras composições. Sua carreira construtivista e a aplicação de técnicas seriais em suas composições foram moldando suas obras. Sempre buscando a inovação e a inventividade, o compositor expandiu suas obras mesclando instrumentos com sons eletrônicos. Criou poema sinfônico baseado no livro de poemas Galáxias de Haroldo de Campos e o ciclo Tristes Trópicos que lhe renderam prêmios e bolsas internacionais. Em 2002, um dos destaques é o Concerto para Computador e Orquestra executado pela Orquestra Sinfônica do Paraná.


CD - Tristes Trópicos; Chiaroscuro; Estudo nº 1 para violão em quartos de tom; Diálogos para marimba e vibrafone; Divertimento para flauta e piano; Serenata para flauta e quarteto de cordas; Invenções sobre um tema de Gilberto Mendes para Orquestra Sinfônica; O Círculo Mágico, para Percussão e Sons Eletrônicos.


Partituras – Serenata para flauta e quarteto de cordas; Diálogos para marimba e vibrafone.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

VAI QUE É SUA PARAGUAI!



Toda vez que a seleção brasileira vai jogar cria-se uma expectativa de show, de ver lances geniais, dribles desconcertantes, pedaladas mágicas etc., afinal temos cinco estrelas estampadas na camisa, coisa que nenhuma seleção no mundo tem. Os adversários devem “tremer” quando estiverem frente a frente com o escrete canarinho e devem “perder” o jogo, esta é a ordem natural das coisas.

Só que nem sempre o adversário é avisado disso e, nos últimos tempos, tem ignorado essa nossa “superioridade” e feito o que deveríamos fazer quando entramos em campo: marcar gols. O espetáculo deve ser bonito, mas se não balançar a filó não adianta. O que vale no futebol é bola na rede! E o Paraguai soube fazer isso e conquistar seus três pontos na luta pelas vagas da próxima Copa do Mundo. O famoso locutor da Globo, conhecidos pelas pérolas que cria com seus comentários, dizia a todo momento que o “Brasil não pode jogar como time pequeno, ficar acuado esperando o Paraguai atacar…” E o Paraguai atacou, empurrado pela sua torcida e conseguiu marcar dois gols em uma seleção apática, sem brilho, que no segundo tempo resolveu jogar ofensivamente. Mas já era tarde.

Acredito que a nossa seleção e também a dos Hermanos estão passando por um ataque de soberba: “somos os melhores e as outras seleções dos países da América Latina não são páreo para nós”. A Argentina penou para empatar com o Equador ontem, marcando seu gol redentor já na prorrogação do segundo tempo.

Dunga teve a sua era quando ainda defendia a seleção dentro das quatro linhas . Agora tenta se firmar como técnico mas pelo jeito que as coisas andam, logo o seu reinado fora de campo será esquecido. Os milhões de técnicos que habitam o Brasil não irão perdoar mais uma derrota e já estão sacando suas escalações que vão fazer o Brasil voltar aos tempos de glória, com os lances geniais mas, sobretudo, com bola na rede, com gols, muitos gols.

Na quarta-feira teremos as duas maiores seleções do mundo se enfrentando. As duas muito aquém do brilho de outros tempos. O Brasil vindo de duas derrotas e a Argentina de dois empates. Teremos o apoio de nossa torcida, enchendo o estádio do Mineirão e estaremos torcendo para que, pelo menos, não sejamos derrotados pelos nossos arquirivais.

Um fracasso contra a Argentina em pleno Mineirão com certeza irá desencadear uma crise sem precedentes na CBF. Já ouvi até comentários de que a ida do Felipão para o Chelsea é apenas uma ponte para que ele volte a comandar a seleção canarinho novamente, colocando um ponto final na “Era Dunga” fora dos gramados.

domingo, 15 de junho de 2008

MATT COSTA




Unfamiliars Faces é o novo disco do Matt Costa que andei ouvindo esses dias. O som desse ex-skatista californiano, na linha dos singers-songwriters como Josh Rouse e Jesse Harris, é bem feito, alegre, mas bem diferente desses dois. Josh Rouse tem umas levadas meio a U2, sem muita inventividade. Já Jesse Herris é mais criativo, sofisticado, não tão previsível em seus arranjos e melodias. Matt Costa está mais para aquela música-chiclete, que gruda nos ouvidos, com arranjos mais pasteurisados, ou seja, é um pouco mais “pop”. Mas não deixa de ser um som interessante, afinal não há mal nenhum em ser”pop”. Trying to Lose My Mind é uma bela canção. Emergency call, também. A música título do disco é mais romântica, com uma bela melodia. Mr. Pitiful abusa do piano mas é bem pra cima e consegue nos alegrar enquanto estamos esperando o trânsito de Sampa andar meio metro para parar logo em seguida.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A hora e a vez da Biomimética


O nome é bonito. Mas vai muito além disso. A cada dia que passa, estamos mais e mais ‘encrencados” com os desmandos que fazemos na natureza. Um planeta em desequilíbrio é como uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. E isso não é papo de ecochato, é a pura realidade.

Recentemente li o livro Biomimética – Inovação Inspirada pela Natureza, de Janine M. Benyus e descobri que ainda há solução, que nós seres pensantes podemos conviver em harmonia com o planeta Terra. No livro, a autora mostra que a natureza oferece infinitos exemplos de como revolucionar os produtos que consumimos, os nossos processos e a nossa vida. Mostra como a biomimética poderá transformar nossas descobertas em todos os campos da inventividade humana - informática, medicina, produção e distribuição de energia, economia e negócios, e a alimentação do planeta como um todo.

A biomimética é uma área da ciência que estuda as estruturas biológicas e suas funções, procurando aprender com a natureza e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência. As palavras gregas Bios e Mimesis significam respectivamente Vida e Imitação, ou seja, a biomimética é a imitação da vida.

Na natureza existem milhões de espécies das quais menos de dois milhões estão catalogadas até agora. Isto representa uma gigantesca base de dados de soluções inspiradas em sistemas biológicos para a resolução de problemas de engenharia e de outros campos da tecnologia. Imagine que a natureza vem aperfeiçoado seus processos há bilhões de anos, testando exaustivamente o que funciona e o que não funciona, fornecendo modelos perfeitos de inspiração e de imitação. Muitas das melhores invenções foram copiadas de outros seres vivos. A biomimética procura estimular novas idéias para produzir sistemas sintéticos similares aos encontrados nos sistemas biológicos.

Segundo o cientista Stephen Wainwright "a biomimética ultrapassará a biologia molecular e a substituirá como a mais desafiadora e importante ciência biológica do Século XXI". Mehmet Sarikaya, professor e cientista afirma que "Estamos no limiar de uma revolução de materiais equivalente à que houve na Idade do Ferro e na Revolução Industrial. Estamos entrando rapidamente numa nova era de materiais. Penso que, dentro de um século, a biomimética modificará significativamente o nosso modo de vida."

As aplicações são inúmeras: o estudo de plantas perenes que crescem em total equilíbrio com o ecossistema, dispensando adubos e pesticidas para controle de pragas e não enfraquecendo o solo; a estrutura ultra resistente encontrada na concha de moluscos como o Abalone, que são muitas vezes mais resistentes que o Kevlar e podem ser usados na fabricação de coletes e estruturas para armamentos; a fotossíntese realizada pelas plantas, transformando energia luminosa em energia química e glicose; a seda da teia das aranhas que é cinco vezes mais resistente que o aço; as plantas com propriedades medicinais que ainda desconhecemos; as estruturas do cérebro humano que processam comandos múltiplos e não seqüenciais como os nossos atuais computadores; e uma infinidade de aplicações que podemos aprender e desenvolver observando este imenso banco de informações que sempre esteve a nossa disposição. Hoje, nossos cientistas já estão atingindo o grau de conhecimento necessário para tentar desvendar estes grandes mistérios da natureza e desenvolver soluções que não agridam o meio ambiente e tragam melhoria da qualidade de vida.

Se calcularmos a idade da Terra em um dia, veremos que o Homem está aqui há apenas 5 minutos e seria muita pretensão achar que pode fazer o que bem entende e não pagar por isso. Muitas outras espécies já passaram pela seleção natural e desapareceram. O que devemos fazer é buscar em toda a sabedoria da natureza o caminho para o equilíbrio sustentável.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Earth, Wind & Fire


Nestes eventos que geralmente costumamos freqüentar no mercado publicitário, ganhamos os sempre bem-vindos brindes, muitos deles ligados à música. Recentemente, fui agraciado com uma linda caixa da MTV com a coleção de acústicos dela, de Paulinho da Viola a Marcelo D2. Ainda não vi nenhum, mas está no escaninho, esperando a vez.

No último evento que a Malu participou, o Mídia Master, entre os “presentes” recebidos havia uma caixa com três DVDs: Marvin Gaye, Joe Coker e Earth, Wind & Fire, todos dos shows realizados ao vivo no festival de Montreaux.. No último sábado, um final de dia morno em Sampa, resolvi pegar o DVD do Earth, Wind & Fire, do primeiro show deles e
m 97 para assistir.

Confesso que me surpreendi. Uma banda muito afinada e músicas contagiantes que me fizeram voltar um par de anos. Aliás, uma super banda, com tudo que tinha direito: naipes de metais, percussões, baterias, teclados, baixo, guitarras, o vocal em falsete do Philip Bailey e as exuberantes dançarinas Dee Dee Weathers e Kayusha Simpson. E, é claro, talento, muito. Isso me leva a concluir que talento sempre atrai talento, uma lei que parece imutável.

As performances individuais dos músicos, aquela famosa “canja” onde o instrumentista mostra a que veio, é um show à parte. A apresentação de Sonny Emory na batera com o percussionista David Romero é realmente impressionante. Verdine White também é um show à parte. Com seu corpo esguio, roupas e jeito esquisitos, não consegue ficar parado um minuto, dançando e suingando seu baixo com uma alegria de quem está fazendo exatamente o que gosta. E muito bem, por sinal. Sua energia é tamanha, que acredito que se participasse de uma apresentação de Canto Gregoriano não seria possível fazer com que ficasse parado.

R&B, Funk, Disco Music e Soul, estava tudo lá: os grandes clássicos como Saturday Night, September, Let’s Grove, Fantasy, Devotion, After The Lovo Is Gone, Shining Star, Can’t Hide Love e Boogie Wonderland.

A banda, fundada por Maurice White em 1969 teve uma trajetória de sucesso indiscutível, passando por várias formações, sempre com músicos de primeira linha. Maurice teve que se afastar dos palcos por causa da doença de Parkinson, mas continua gravando e produzindo a banda. Em toda a carreira, o Earth Wind & Fire vendeu mais de 80 milhões de discos, ganhou 40 Music American Awards, 7 Grammys, além de 22 indicações ao mesmo prêmio.

Agora, quero ver o que me aguarda nos outros dois DVS, Marvin Gaye e Joe Coker, ao vivo em Montreaux. Quando assistir, passo as minhas impressões.

Ficha Técnica:

Philip BAILEY (lead vocal, percussão)
Sheldon REYNOLDS (lead vocal, guitarra)
Verdine WHITE (baixo)
Ralph JOHNSON (vocal, percussão)
Sonny EMORY (bateria)
Morris PLEASURE (teclados, direção musical)
Mike McKNIGHT (teclados)
David ROMERO (percussão)
B. David WHITHWORTH (vocal, percussão)
Gary BIAS (sax)
Ray BROWN (trombone)
Reggie YOUNG (trumpete)
Dee Dee WEATHERS (dançarina)
Kayusha SIMPSON (dançarina)



sexta-feira, 6 de junho de 2008

A coceira

A coceira é algo que dá para nos lembrar que estamos vivos. Toda vez que cutucamos um braço, a cabeça, as costas, uma perna e, no caso dos homens, o escroto, sentimos a prazeirosa sensação de que estamos vivos.

Coçar é agradável, estimulante, coçar sacia, coçar instiga, realiza. Após uma longa coçada você se sente totalmente satisfeito, se livra daquele comichão que é quase impulsivo, não dá para resistir. Algumas vezes você até tenta resistir a não se coçar, mas é uma tarefa árdua, difícil, pois é como um desejo incontrolável que vem e toma conta do seu ser.

No plano físico basta uma coçadinha para resolver o problema. Mas quando a coceira se dá no plano metafísico, aí a coisa complica um pouco. Algumas pessoas não se dão conta disso, mas é aí que o bicho pega.

Tem dias que você acorda com uma coisa te incomodando, você não sabe o que é, olha tudo de maneira diferente, uma visão mais critica talvez, ou mais detalhada, mas o que é inegável é que alguma coisa mudou. Aí você procura a resposta: será que eu comi algo que me fez mal? Dormi mal à noite? Aquela reunião me azedou? O meu trabalho não me satisfaz mais? Minhas relações estão deterioradas? O trânsito está me deixando estressado?

Então vem aquela constatação - que muitas vezes não é nem um pouco clara – de que você na realidade está com uma tremenda coceira na alma.

Esse tipo de coceira não tem mão que alcance. Você tem que cuidar dela de outra forma, se concentrar, perceber a sua amplitude e ver qual é a melhor forma de atacá-la.

Por coincidência ela também é algo que só dá para lembrar que estamos vivos. Vivos de espírito, vivos intelectualmente, vivos em nossa essência. Vivos para questionar nossas posturas, nossos anseios, nossas escolhas.

Por isso, quando você tiver aquele comichão na alma, lembre-se que você está sendo atacado por algo benéfico, que nos tira da zona de conforto e faz com que procuremos uma maneira de “se coçar” para que as coisas mudem de rumo e aconteçam. Aí sim, ficamos saciados, acalmando a nossa alma. Até a próxima coceira…