sábado, 5 de julho de 2008

MINI CONTOS URBANOS - I



No Farol

Faltavam quinze minutos para a nove da manhã. No dia anterior tinha chovido bastante e o céu estava bem limpo, com o Sol aquecendo a manhã. Eu subia a Campinas em direção à Paulista. Não costumo fazer esse caminho, a Paulista está sempre cheia, ainda mais agora com as reformas das calçadas e do canteiro central.

Chegando no cruzamento da alameda Santos, o farol fechou. Diminuí a velocidade e parei bem rente à faixa de pedestre. Algumas pessoas atravessavam na faixa apressadamente. De repente percebi a sua presença.
Ele vinha andando com um ar desconfiado, olhando de soslaio para os lados. A camisa larga fora da calça conseguia disfarçar um pouco o volume que ele trazia na cintura.

Ele veio em minha direção. Logo percebi o que estava para acontecer. Meus batimentos cardíacos aceleraram, uma descarga de adrenalina inundou o meu corpo. Ele colocou a mão debaixo da camisa e empunhou a arma, apontando-a para a minha cabeça pelo lado de fora da janela do carro.

O som estava um pouco alto e não conseguia identificar exatamente o que ele vociferava do lado de fora. Seus olhos estava injetados.

- A carteira…. passe o relógio… rápido, rápido…vou te apagar…filho da puta…tem seis aqui pra você…

Minha boca secou. Fiquei sem ação, com as mãos no volante, esperando. Aqueles segundos pareciam uma eternidade. Ele continuava a falar, insistindo até perder a paciência.

O primeiro disparo veio acompanhado de vários palavrões.

- Pou!
- Toma um pipoco seu desgraçado…
- Vou te matar…filho da puta…
- Pou! Pou!

O sinal abriu. A blindagem da janela resistiu bem aos três disparos. Ele saiu em disparada. Acelerei o carro e segui em frente. Agora preciso arrumar um jeito de blindar os olhos também.




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